Há duas noites, um amigo que tem estado comigo há quase meio ano enviou-me mais de dez mensagens de voz seguidas, tão nervoso que dava para sentir o pânico através do ecrã: acabou de transferir 800.000 USDT da plataforma para a conta bancária, nem teve tempo de aquecer o dinheiro e, em menos de duas horas, o banco deixou-o completamente confuso — "Operações não presenciais congeladas". O dinheiro está na conta, o saldo vê-se mas não se mexe, até fazer uma transferência ou consultar os movimentos se tornou complicado.

Ficou a olhar para o ecrã do banco no telemóvel durante meia hora, o saldo lá, mas ele apático. Esse dinheiro foi ganho a passar noites em claro a seguir o mercado, não caiu em armadilhas de flutuações, mas ficou preso na "última milha" — esta sensação é dez vezes pior do que perder dinheiro diretamente.

Muita gente só olha para as subidas e descidas das moedas, acha que aguentar a volatilidade é suficiente. Mas o mais frustrante é — o dinheiro chega às mãos, mas não se pode levantar. O problema está na "contaminação de fundos": por exemplo, alguém compra USDT com dinheiro ilícito, esse dinheiro passa por várias mãos até chegar à tua conta, parece tudo normal, mas se der confusão a montante, todas as contas na cadeia são afetadas.

Mas também não vale a pena assustar-se. Congelamento não significa crime — desde que consigas apresentar registos de transações OTC, capturas de ecrã das conversas, comprovativos de transferência, 90% das contas acabam por ser desbloqueadas. Só que o processo implica ir ao banco, colaborar com a polícia, pode demorar semanas ou até meses, é desgastante e causa ansiedade. Por isso, prevenir é mil vezes melhor do que remediar.

Aqui vão algumas dicas práticas:

Primeira dica, arranja um "cartão exclusivo". Usa-o só para transações OTC, completamente separado do cartão do salário e dos gastos diários. Assim, se for congelado, ao menos não ficas sem pagar a renda ou as contas.

Segunda, escolhe bem com quem transacionas. Não olhes só para a diferença de câmbio, dá prioridade a comerciantes antigos, com boa reputação e pelo menos um ano de registo. Para poupar uns cêntimos vais confiar num novato? O risco não compensa.

Terceira dica, os detalhes fazem a diferença. Faz grandes quantias em várias transferências pequenas, de preferência durante o dia (os bancos reagem mais rapidamente de dia), depois de receber, espera três dias antes de mexer, e nas notas das transferências escreve "pagamento de mercadoria" ou "taxa de consultoria", algo plausível.

Ganhar dinheiro no mundo das criptomoedas é uma coisa, mas conseguir pôr o dinheiro no bolso com segurança é que é a verdadeira habilidade. Não esperes que o cartão seja congelado para pensar em soluções — prepara estes detalhes com antecedência, é o que mais resulta.

Perguntam-me se aceito novos na área. A minha resposta é: esta luz está sempre acesa, quem quiser caminhar para a luz e aprender a sério, naturalmente vai ver o caminho.