Os gigantes das stablecoins estão silenciosamente a reescrever as regras do jogo no mercado do ouro.

Os dados mostram que, até ao final de setembro deste ano, a Tether, emissora da maior stablecoin mundial, USDT, já acumulou 116 toneladas de ouro — um valor próximo dos 14 mil milhões de dólares. O que significa este número? Excluindo os bancos centrais, entre as instituições privadas, as reservas de ouro da Tether já rivalizam com as reservas oficiais de países como a Coreia do Sul e a Hungria.

Ainda mais interessante é a linha temporal. Este ano, o preço do ouro registou dois picos de valorização, acumulando uma subida de quase 2.000 dólares. Durante a segunda vaga de valorização, a Tether acelerou as suas compras — só no terceiro trimestre adquiriu 26 toneladas, representando 2% da procura global de ouro, o equivalente a 12% das compras conhecidas dos bancos centrais. Coincidência ou factor impulsionador? Vale a pena refletir.

A Tether estar a acumular ouro de forma tão agressiva pode ser uma preparação para lançar tokens lastreados em ouro físico, como parte de uma estratégia de longo prazo. Mas isto traz um risco potencial: se um dia a procura por stablecoins colapsar repentinamente, como será gerida uma reserva de ouro tão grande? A pressão acabaria por se refletir no mercado.

As fronteiras entre o mundo cripto e os activos tradicionais de refúgio estão cada vez mais difusas. Quando os investidores procuram o ouro como porto seguro, provavelmente não imaginam que entre os compradores que impulsionam o preço estão empresas de criptomoedas.