A espada de Dâmocles da dívida está a pender ainda mais baixo.

A yield das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos disparou para 4,12% — que significado tem este número? É o ponto mais alto dos últimos três anos. No dia 5 de dezembro, o mercado ainda estava a digerir esta subida de 2 pontos base, mas o que mais salta à vista é a história por trás: o FMI prevê diretamente que, até 2030, a dívida dos EUA represente 143,4% do PIB, ultrapassando até a Itália. O BNP Paribas foi ainda mais direto, apresentando as contas sem rodeios — as consequências dos empréstimos a altas taxas durante a pandemia estão agora todas a emergir.

Curiosamente, apesar de todos falarem em vender, na prática fazem o contrário. Os dados de setembro mostram que os investidores estrangeiros ainda detêm 9,25 biliões de dólares em dívida dos EUA, e o Japão até aumentou as suas posições para um máximo de três anos, contrariando a tendência. Esta jogada tem um certo sabor a "lei do verdadeiro valor".

Mas a fasquia dos 4,12% não é brincadeira. Os custos de financiamento das empresas estão a subir, com as tecnológicas a sofrerem primeiro; por outro lado, a confiança no dólar está a ser diluída e o capital está a afluir desenfreadamente para o ouro — nem mesmo os 3.000 dólares por onça conseguem travar.

Por agora, os EUA ainda conseguem aguentar com o argumento de serem "a maçã menos podre do cesto", mas quanto tempo poderá este equilíbrio, mantido à custa do crédito, durar? A reconfiguração da ordem financeira pode chegar mais depressa do que se imagina.