Hoje às 23h, um dado crucial será divulgado — o núcleo do PCE dos EUA, com o mercado a prever, de forma geral, que se mantenha nos 2,9%. Talvez penses que é apenas mais um indicador económico? Mas este dado influencia diretamente o próximo passo da Reserva Federal, afetando assim os ativos que tens em carteira.

Porque é que este dado é tão importante? O núcleo do PCE é o indicador de inflação mais valorizado pela Reserva Federal. Ao contrário do CPI, que conhecemos bem, o PCE tem um âmbito de cálculo mais alargado — não inclui apenas os bens que consomes diretamente, mas também os custos de saúde pagos pelo teu empregador. Além disso, ajusta regularmente os seus pesos, conseguindo refletir com maior precisão o comportamento dos consumidores de “substituir por alternativas mais baratas” quando os preços sobem. O mais importante é que o núcleo do PCE exclui os preços altamente voláteis da energia e dos alimentos, focando-se em habitação, saúde e outras categorias mais rígidas — são estes os elementos-chave para perceber se a inflação está realmente a abrandar.

A previsão de 2,9% esconde dinâmicas contraditórias. Em setembro, o preço da gasolina disparou 3,5% face ao mês anterior, mas as rendas e os custos dos serviços financeiros recuaram, anulando-se mutuamente e originando este valor “nem carne nem peixe”. Contudo, com a reunião da Fed agendada para dezembro, os “falcões” defendem que 2,9% continua demasiado acima da meta de 2% e sugerem manter a política restritiva; já as “pombas” salientam que a taxa de desemprego subiu para 4,4% e que novas subidas dos juros podem arrastar a economia para a recessão.

Assim que o dado for divulgado, o mercado irá reagir de imediato:

Mantém-se nos 2,9%? As tecnológicas e os ativos de risco podem registar uma ligeira recuperação, o dólar oscilar moderadamente e o ouro manter-se estável.
Sobe inesperadamente para 3%? O dólar tenderá a valorizar-se, e o ouro e as ações de crescimento deverão sentir pressão e cair.
Desce para 2,8%? O mercado interpretará como um sinal de descida das taxas, podendo as ações e os metais preciosos registar uma subida.

Importa notar que estes dados deveriam ter sido publicados mais cedo, mas o impasse no orçamento do governo causou o adiamento. Quando até a divulgação dos dados pode ser afetada por fatores políticos, o seu valor de referência também fica comprometido.

Achas que o dado de hoje será recebido com tranquilidade ou irá desencadear fortes oscilações no mercado?