As estratégias de preservação de riqueza estão a mudar de forma dramática à medida que navegamos aquilo que alguns economistas denominam de Quarta Viragem — uma teoria cíclica que sugere que ocorre uma grande reestruturação económica e social aproximadamente a cada 80 anos.

Indivíduos com património ultra elevado estão, cada vez mais, a alocar capital para ativos defensivos e refúgios alternativos. Este padrão comportamental emerge historicamente durante períodos de incerteza macroeconómica acentuada, desde tensões geopolíticas até alterações na política monetária que desafiam os mecanismos tradicionais de armazenamento de riqueza.

O enquadramento da Quarta Viragem, popularizado pela teoria geracional de Strauss-Howe, postula que estamos a entrar numa fase de crise comparável a períodos transformadores anteriores, como a Grande Depressão ou a reconstrução do pós-Segunda Guerra Mundial. Se esta tese tem mérito ou não continua a ser debatido entre os economistas, mas os movimentos de precaução por parte dos gestores institucionais de riqueza sugerem uma consideração séria dos riscos de cauda.

O que está a impulsionar este posicionamento defensivo? O aumento dos níveis de dívida soberana, preocupações persistentes com a inflação e a fragilidade nos sistemas financeiros tradicionais têm motivado conversas sobre vulnerabilidades sistémicas. Alguns veem os ativos descentralizados e os depósitos de valor tangíveis como proteções contra uma possível desvalorização da moeda ou quebras estruturais.

A verdadeira questão não é se o colapso é iminente — previsões de catástrofe raramente se concretizam a tempo. Antes, trata-se de perceber como os fluxos de capital se adaptam durante ciclos de incerteza e o que isso sinaliza sobre a confiança na arquitetura económica existente.