A Fundação Ethereum avança com o pacote de ferramentas de privacidade Kohaku: integração de funcionalidades de privacidade nativas nas carteiras

Fonte: Criptonoticias Título Original: A Fundação Ethereum foca-se na melhoria da privacidade das wallets Ligação Original:

Kohaku: Solução modular de privacidade para wallets Ethereum

A Fundação Ethereum (EF) está a avançar com a implementação do Kohaku, um conjunto de ferramentas modulares que visa integrar funcionalidades de privacidade diretamente nas wallets Ethereum. Estas ferramentas permitem preservar a privacidade sem que os utilizadores tenham de mudar de aplicação ou alterar os seus hábitos de utilização.

O projeto Kohaku defende que a privacidade deve ser um padrão fundamental e não uma funcionalidade adicional. Ao integrar estas ferramentas ao nível da wallet, a proteção de identidade torna-se parte central da experiência do utilizador, em vez de um suplemento opcional.

Durante a conferência Devconnect na Argentina, a Fundação Ethereum apresentou a Kohaku Wallet, uma extensão de navegador desenhada apenas para demonstrar as funcionalidades do SDK. O Kohaku será submetido a testes públicos durante o evento EthCC, que decorre de 30 de março a 2 de abril de 2026.

Funcionalidades principais do Kohaku

O Kohaku é um kit de desenvolvimento de software (SDK) que introduz um conjunto de componentes que permite a qualquer fornecedor de wallets adicionar privacidade como funcionalidade nativa. Este SDK integra, num único módulo instalável, funcionalidades atualmente dispersas por aplicações especializadas, reduzindo a dependência de agentes externos.

O Kohaku pretende resolver dois problemas principais: a rastreabilidade das transações Ethereum e o facto de a atividade dos utilizadores estar normalmente associada a um único endereço.

Funcionalidades de privacidade incluídas no Kohaku

1. Envio e receção privados via pools de privacidade

Os pools de privacidade são mecanismos que agrupam transações, ocultando a ligação entre a origem e o destino. Os utilizadores podem depositar e levantar fundos sem deixar rastos diretos, sendo o Kohaku responsável por fornecer a integração necessária para que as wallets possam gerir estas operações de forma automática.

2. Geração de endereços invisíveis (Stealth Addresses)

Estes endereços são criados automaticamente para cada transferência, permitindo que as partes realizem transações na rede sem que observadores terceiros possam associar dois endereços. Isto impede que o endereço público se torne um “identificador pessoal” do utilizador.

3. Separação de contas por aplicação

Esta configuração separa a atividade entre diferentes serviços ou contratos, impedindo que o uso de uma aplicação descentralizada (dapp) seja associado à atividade noutras aplicações. É uma forma de compartimentação de informação, semelhante à utilização de perfis distintos dentro de um mesmo sistema.

Como o Kohaku responde ao risco de monitorização no Ethereum

O Kohaku integra um light client, um software capaz de validar o estado da rede sem depender de nós de terceiros.

Muitas wallets consultam a rede Ethereum através de fornecedores RPC (pontos de acesso remoto), permitindo que estes serviços reconstruam padrões de utilização: o que o utilizador consulta, quando e a partir de que endereço. Utilizando um light client interno, a wallet reduz este vetor de exposição.

Outra componente do SDK é a leitura privada de estado, baseada numa combinação de ambientes de execução confiáveis (TEE) e memória de acesso aleatório esquecível (ORAM). Na prática, estas ferramentas permitem ao utilizador consultar informações da rede sem revelar exatamente que parte do estado está a ser visualizada.

A Oxbow prevê que o Kohaku venha a migrar para um sistema baseado em Private Information Retrieval (PIR), que oferece as mesmas funcionalidades sem depender de hardware dedicado.

Funcionalidades adicionais de segurança

O SDK inclui ainda opções de recuperação social, um mecanismo que permite recuperar o acesso à conta através de identidade verificada com ferramentas de zero knowledge proof (ZK).

Entre as alternativas referidas encontram-se o ZKEmail e o ZKPassport, que combinam identidade digital com verificação criptográfica, sem expor dados sensíveis. A lógica passa por substituir processos tradicionais de recuperação (como passwords ou frases-semente em texto claro) por métodos auditáveis on-chain.

Por fim, o Kohaku também contempla contas pós-quânticas, resistentes a algoritmos potenciados por computadores quânticos.