Os dados do PCE de ontem à noite deram mesmo uma surpresa ao mercado — a taxa anual do núcleo do PCE dos EUA em setembro desceu para 2,8%, abaixo do esperado. Este sinal de arrefecimento da inflação praticamente abriu caminho para um corte das taxas em dezembro, e a probabilidade de descida das taxas disparou diretamente para 87%, segundo o mercado.

A reação nos ativos também foi bastante direta. As ações norte-americanas continuam a aproximar-se dos máximos históricos, e o Bitcoin foi ainda mais forte, recuperando acima do patamar dos 91.000 dólares. O índice do dólar, por outro lado, ficou a perder — assim que surgiram expectativas de corte de taxas, começou a enfraquecer e agora anda a oscilar perto dos 99, sem rumo definido.

No entanto, vale a pena referir que estes dados de inflação positivos foram conseguidos a "doer". As despesas de consumo pessoal em setembro praticamente estagnaram, e as despesas com bens afundaram significativamente. O rendimento real disponível ficou praticamente parado pelo segundo mês consecutivo. Em outras palavras, não foi a robustez da economia que travou a inflação, mas sim o facto de as carteiras dos consumidores estarem mais vazias e o consumo a enfraquecer. Isto é uma preocupação para a economia.

Do ponto de vista técnico, as ações americanas continuam com uma tendência de alta, e o tradicional "rali de Natal" pode prolongar-se; nos 500 do S&P, a zona dos 6776-6784 é um suporte-chave — se aguentar, há margem para subir mais. No índice do dólar, o cenário é mais fraco, e qualquer recuperação pode ser travada por pressão vendedora; o suporte em 98,60 é importante, e se for quebrado, pode haver mais quedas.

Por fim, uma palavra de cautela: os sinais económicos atuais são algo contraditórios — a inflação arrefece, mas o consumo também, e há atrasos nos dados. Apesar do otimismo do mercado, estes sinais contraditórios podem gerar volatilidade, por isso, para operações de curto prazo, é melhor controlar bem a exposição.