Queres que fale sobre a Falcon Finance? Para ser sincero, no início não tinha qualquer interesse. Ainda me lembro bem daquele projeto do verão passado que prometia retornos de 10.000 vezes e acabou por evaporar-se em três horas. Agora, sempre que vejo as palavras "alto rendimento", o meu instinto é automaticamente dar meia-volta. Mas no fim de semana passado, por mera curiosidade, fui mergulhar nos dados on-chain e analisei de fio a pavio cada fluxo de fundos da Falcon. E acabei por descobrir uma coisa interessante — o ponto mais atrativo dela é, precisamente, o seu funcionamento aborrecido até dizer chega.

Hoje não vou falar de planos de desenvolvimento grandiosos. Vamos focar-nos em duas questões: De onde vem realmente este dinheiro? E conseguirá aguentar um bear market?

Comecemos pela origem dos rendimentos. Não olhei para aqueles Dashboards cheios de enfeites feitos pela equipa do projeto — fui direto ao explorador de blocos, começando pelo endereço do contrato de taxas, seguindo o rasto transação a transação. E o que encontrei? Partilha de taxas de pontes cross-chain, diferença de juros em protocolos de empréstimo, e ainda taxas de chamadas de camadas de disponibilidade de dados. Tudo receitas de operações reais. Não são daqueles esquemas de passar fundos do bolso esquerdo para o direito, nem se sustentam com emissão desenfreada de tokens só para parecerem saudáveis. Fazendo um paralelismo, abrir um restaurante e ganhar dinheiro a vender pratos, ou depender de imprimir cupões de desconto para que novos clientes paguem aos antigos? O primeiro pode não ser emocionante, mas é sustentável; o segundo pode parecer animado, mas mais cedo ou mais tarde vai rebentar. A Falcon segue a primeira via.

Claro que este modelo também tem uma fraqueza óbvia — o teto dos seus rendimentos depende totalmente da atividade do ecossistema. Se o mercado entrar em período de hibernação e o volume de interações on-chain cair a pique, os seus rendimentos reais vão sofrer uma redução drástica.