A semana no metaverso: inclusão, turismo virtual e um escândalo crescente contra a Meta

Fonte: CriptoTendência Título Original: A semana no metaverso: inclusão, turismo virtual e um escândalo crescente contra a Meta Link Original: Esta semana, a tecnologia imersiva encontra-se numa encruzilhada ética e social. Por um lado, o metaverso avança rapidamente como um “passaporte digital” da cultura. Além disso, o seu potencial inclusivo ganha apoio: estudos confirmam benefícios na representação da deficiência em avatares, e a UCAM aplica ambientes imersivos para formar profissionais mais empáticos. Até a religião se junta, com a Catedral de Chiclayo a celebrar missas no Roblox.

Contudo, esta expansão tecnológica é ofuscada por uma acusação grave contra a Meta. Documentos judiciais indicam que a empresa “terá ocultado” provas sobre danos psicológicos em adolescentes, priorizando o benefício económico em detrimento da segurança.

Viajar sem sair do seu ambiente? Faça-o no metaverso

A nostalgia da viagem não cabe em uns óculos de realidade virtual. Nenhuma simulação substitui a emoção de um comboio ou o cheiro de uma rua desconhecida.

No entanto, o metaverso não tenta substituir esse mundo, mas sim expandi-lo e torná-lo mais acessível. Está a criar uma forma de turismo prévia, inclusiva e duradoura, capaz de despertar o desejo de explorar antes de sair de casa. Cada vez mais espaços emblemáticos contam com réplicas imersivas:

• França: o Museu do Louvre oferece uma experiência virtual para percorrer as suas salas, ampliar obras e aceder a relatos guiados por historiadores. O Palácio de Versalhes também pode ser visitado online, incluindo áreas fechadas ao público geral.
• Egito: foram digitalizadas áreas da necrópole de Gizé e túmulos do Vale dos Reis, permitindo visitas em 3D por espaços restritos mesmo em visitas físicas.
• Brasil: o parque nacional do Iguaçu conta com uma réplica sensorial em realidade virtual.
• Coreia do Sul: o projeto “Metaverse Seoul” reúne rotas culturais, festivais de K-pop, mercados tradicionais e visitas a templos budistas.
• Estados Unidos: parques nacionais e cidades como Nova Iorque ou São Francisco oferecem experiências virtuais para explorar património arquitetónico, museus e itinerários gastronómicos.

Meta acusada de “ocultar” provas causais dos efeitos nocivos das suas plataformas

Segundo documentos judiciais, Mark Zuckerberg terá bloqueado a contratação de pessoal especializado em segurança infantil para não desviar recursos do desenvolvimento do metaverso.

O texto alega que a Meta reteve provas internas sobre danos psicológicos em adolescentes e ajustou algoritmos para explorar a vulnerabilidade dos menores, priorizando o tempo de ecrã em detrimento da saúde mental. A Meta rejeita estas acusações, assegura que as citações estão fora de contexto e nega ter ocultado informação de forma intencional.

Com mais de 1.800 queixosos, este litígio transcende o âmbito legal: é um exame da ética digital contemporânea. Se a administração for considerada culpada de sacrificar a segurança em prol do benefício, abrir-se-á um precedente histórico em matéria de responsabilidade corporativa.

Igreja peruana celebra missas no Roblox

O metaverso também chegou ao Peru através de um caso inesperado: a Catedral de Chiclayo “Santa Maria” tornou-se viral ao transferir a celebração de missas para um ambiente virtual criado no Roblox.

No âmbito do projeto “Chiclayo Eterno”, a congregação recriou uma réplica digital da cidade, incluindo um templo onde as missas são celebradas em tempo real. O objetivo é aproximar a fé dos jovens através de plataformas que fazem parte do seu quotidiano.

Todos os dias, a partir das 19h, qualquer utilizador pode entrar com o seu avatar e participar neste espaço digital, onde a tradição se funde com a experiência imersiva.

A representação da deficiência em avatares oferece vantagens reais

Um estudo conjunto da Universidade de Estugarda, Universidade Estadual da Califórnia em Fullerton e o Instituto Max Planck de Sistemas Inteligentes revelou que representar a deficiência real num avatar pode gerar benefícios psicológicos significativos.

Ksenia Keplinger, diretora do grupo de Liderança Organizacional e Diversidade, afirmou:

“Perguntámo-nos o que aconteceria se os avatares refletissem a deficiência real de uma pessoa. Os nossos resultados mostram que os participantes sentiram-se maioritariamente confortáveis com os seus avatares inclusivos ao interagir neste mundo virtual. Quanto mais um participante se identificava com a sua deficiência, mais positiva era a retroalimentação”.

Os investigadores apelam às empresas para adotarem representações mais autênticas em ambientes virtuais, destacando que a diversidade visível favorece a integração e o sentido de pertença no trabalho.

A UCAM utiliza tecnologia imersiva para apoiar crianças neurodivergentes

A Universidade Católica de Múrcia (UCAM) promove um projeto pioneiro para transformar a formação de estudantes de Psicologia através de um ambiente imersivo que simula entrevistas de orientação em sala de aula.

Através de avatares, os futuros profissionais interagem com uma mãe e uma criança neurodivergente, o que permite pôr em prática conhecimentos e desenvolver competências comunicativas num cenário seguro e sensível. Esta aplicação da imersão visa não só o realismo, mas também promover uma formação empática e eficaz para a abordagem de famílias e crianças com necessidades específicas.

Despeço-me com esta frase: “criaremos um futuro nestes metaversos antes de descarregar os planos para que sejam fabricados no mundo físico”.